domingo, 27 de novembro de 2011

Dança

Barth nos fala que, desde a criação, o objeto central da nossa fé é Jesus e este é a videira verdadeira. Sem Ele não se pode frutificar, não tendo um conhecimento intelectual apenas, mas uma verdade que é intrínseca à fé, que é o conhecer in loco, na ação empírica do conhecer pelo experimento diário, em uma busca que não cessa na manhã seguinte, ou quando a noite chega, ou no sentir emocional, mas, sim, vive uma procura diária em um envolvimento que o faz participante dessa dança eterna, da qual o homem é inserido pelo amor do Deus Criador. Onde esse Deus eterno o faz a sua imagem conforme a sua semelhança, em uma relação de amor e envolvimento pleno.

DALAGNOL, Paulo Roberto.  Jesus A videira Verdadeira; Implicações para a maturidade Cristã. Trabalho de Conclusão de Curso. 32 fls. Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL, Londrina. 2011. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A CRUZ DE CRISTO: A Cruz como paradigma na proclamação do evangelho.

O trabalho proposto é um trabalho cristológico, desenvolvido sobre pesquisa staurológica. O tema deste trabalho é: A Cruz de Cristo: A cruz como paradigma na proclamação do evangelho. Ele é dividido em três capitulos. No primeiro capitulo procurei falar sobre o PROCESSO DE CRUCIFICAÇÃO, no segundo capitulo falo sobre o ESCÂNDALO partindo da cruz como paradigma (modelo), mostrando a cruz como caminho no anuncio do evangelho, a cruz como lugar no anuncio do evangelho e a cruz como símbolo no anuncio do evangelho. No terceiro capitulo falo sobre o anuncio do reino como TEOLOGIA CRUCIS, que nós conduzirá a uma teologia de confrontos, esta teologia nos levará a falar da igreja do reino como ECCLESIA CRUCIS e seus confrontos.

1. PROCESSO DE CRUCIFICAÇÃO
Este precesso era utilizado na antiguidade. Ele era um instrumento de tortura utilizado para condenação de delitos graves.
No mundo antigo havia varias formas de tortura, uma delas era a utilização de um poste chamado kylon (onde o condenado era amarrado com cordas ou fixado com cravos), uma outra forma era o empalamento, pois este método de tortura fazia o condenado ser transpassado pelo mesmo (sentando sobre o poste).
Mais tarde foi aderido o poste vertical e um horizontal. Estes só eram unidos no ato da execusão, formando uma cruz. A cruz podia ter a forma de T ou a forma +.
Mesmo sendo um método cruel de tortura, não ameassava os membros da classe mais alta da sociedade, pois era utilizado para os integrantes das classes baixas.
Desta forma, os romanos não podiam ser torturados com a crucificação, pois era um delito. Mas era uma obrigação a crucificação de um escravo suspeito de rebelião.
O processo contra Jesus tem sua origem no Getsêmani. A partir deste fato vemos que Jesus é levado ao Sinédrio e acusado por dois métodos: Religioso e Político.

1.1. Religioso
Jesus é acusado de blasfêmia, Ele é preso no Getsêmani e levado ao Sinédrio, lá estavam autoridades religiosas (Judaicas) e políticas (Romanas). O Sinédrio não podia realizar uma cessão noturna, pois cessão noturna não era permitido.
Nesta cessão Jesus é inquirido por Anás, ex-sumo sacerdote. Sogro de Caífas, sacerdote em ofício na época e também por lideres religiosos.
Provavelmente as acusações contra Jesus era em relação ao sábado, o que para os judeus era escândalo, também de ser falso profeta e de realizar expulsão de demônios.

1.2. Político
Para os romanos este metodo de execusão estava reservado apenas aos escravos. Pois era um meio de deter a revolta de escravos contra o império, ou seja, a Roma republicana Imperial.
A perca ou a diminuição de escravos significaria ruina. Desta forma a crucificação era uma advertência para quem quisesse ser livre.
Por isso o estado outorgava a faculdade de castigar com a crucificação os escravos que realizavam as rebeliões contra seu senhor.

Com sábia estratégia as acusações de ordem religiosa são transformadas em acusações políticas. Jesus estava sendo acusado pelos judeus de ser um libertador politico (Messias) que pretendia ser rei. Os Judeus sabiam que somente assim conseguiriam a morte de Jesus.
Pois, eles perderam o direito de condenar a morte, o que, passou a ser realizado unicamente pelos Romanos.

2. O ESCÂNDALO
O escândalo não cessou e não pode cessar, Paulo diz que suportar tal idéia é loucura.
A cruz é escândalo, porque ela ofende a mente não regenerada. Ela é agressiva para os orgulhosos, ela é implacável com o pecado. Ela é simbolo de morte para o pecado.
A exigência da cruz não mudou, não podemos diminuir o escândalo que a cruz provoca. Se o fizermos seremos traidores.
Ela não traz exaltação ao homem, antes ela trás a humilhação. Ela é escândalo para o mundo ainda hoje, pois ela não deixa margem para o mundo ser salvo fora da pessoa de Jesus Cristo.
O mundo só pode ser salvo em Jesus Cristo, crucificado, morto e ressuscitado.
A cruz é paradigma, pois ela é o modelo a ser seguido, ela deve ser o caminho no anúncio do evangelho, ou seja, ela deve nos conduzir ao Cristo do Calvário, onde somos aceitos no indestrutível amor de Deus.
A cruz como caminho no anúncio do evangelho é anúnciar as boas-novas aos pobres. Como diz B. Manning: É olhar para os excluidos, pessoas que são deixadas de lado, é expressar Graça, Amor e Misericórdia.
Isto certamente causará escândalo; quando anunciamos a oferta de salvação para mendigos, prostitutas, drogados, e desprezados causamos escândalo. Podemos ver que não há diferença do que aconteceu no mundo antigo. Jesus encontrou problemas anunciando a salvação aos pobres, Ele mesmo nos alerta. João 16:33  “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Certamente à igreja também encontrará problemas, ela encontratá oposição, assumir a cruz é causar escândalo.

Falar da cruz como lugar no anúncio do evangelho, é compreender o propósito de Deus, e sua maior atitude de amor.
A compreensão de Deus gerou uma pergunta. Quem é realmente Cristo para nós hoje? Esta quetão nos leva a perguntar qual Deus motiva a fé cristã: O crucificado ou os deuses da religião?
A cruz como lugar no anúncio do evangelho é compreender Deus em Jesus Cristo, isto é, no Calvário. Só podemos compreender a essência de Deus, escutando o grito da morte de Jesus Cristo. Escutar este grito é conduzir o anúncio do evangelho para cruz, o lugar.

Ao falar da cruz como símbolo no anúncio do evangelho, mostramos para a igreja que a cruz tem um forte símbolo, que não começou neste presente, mas é nos primórdios que ela teve um forte impacto. Por isso não devemos deixar o símbolo da cruz de lado.
Ele é o simbolo do crucificado, o Cristo, o Salvador, o Verbo, a Segunda pessoa da Santissíma Trindade. O sacrifício de Jesus pela humanidade no Calvário gerou a libertação dos efeitos do pecado. Desta forma vemos que o pecado é aniquilado na cruz do Calvário por Jesus Cristo.

3. O ANUNCIO DO REINO COMO TEOLOGIA CRUCIS
Ao falar da Teologia da Cruz, temos que nos ater a Paulo e consequentemente a Lutero, pois a teologia de Lutero é erdada de Paulo.
A Teologia Crucis de Lutero, leva-nos a compreender que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Para Lutero a teologia da cruz não é um capitulo da teoloiga, mas a maneira de fazer teologia. Esta maneira nos conduzirá a uma teologia de confrontos.

3.1. Teologia de confrontos
Apresento a teologia de confrontos, porque ela é um confronto para o sistema. Através desta teologia poderá descobrir se o anuncio esta a serviço do dogma, do legalismo, das instituições religiosas, alienando e escravisando o povo. Este falço ensino não é a verdadeira cruz de Cristo.

Se isto acontecer esta cruz é falça, a cruz imposta pelo sistema, gera um martírio que não redime, não liberta, não traz transformação, não sara doentes, não conscientiza e nem mostra a realidade do Reino de Deus. Que é Graça, Amor e Misericórdia.
A fé em Jesus Cristo é testemunhar o que Ele nos deu em Deus, isto é, nova vida. O sentido da esperança que o mundo precisa ouvir.


3.2. Teologia Crucis
A Teologia Crucis propriamente dita é o desafio de jamais transformar a teologia em um tratado sobre o ser humano. Falar de Deus a partir da Teologia Crucis é contemplar Deus e por em prática sua vontade, ou seja, é praxis. É mostrar Deus para o mundo como Ele é.
Seguir o Crucificado é negar-se a si mesmo, tomar sua cruz e segui-lo, é uma pratica que muda o homem e suas atitudes, este é o sentido da teologia da cruz.
Partindo da teologia de Lutero, vemos que o anúncio do reino de Deus, só pode gerar nova vida quando este mundo aceitar a cruz de Cristo.

A igreja utilizou a cruz como forma de opressão, é isto que a falça cruz realiza. E não como forma de libertação, povos são excluidos, pobres são rejeitados. Este não é o propósito primeiro da verdadeira Cruz de Cristo.
Reinou aqui a cruz sem o crucificado e uma cruz sem crucificado requer crucificados. Não quero falar de uma teologia de crucificados. O propósito é falar da Teologia da Cruz com realidade, que significa uma volta.
Voltar a ocupar-se da teologia da cruz significa evitar as unilateralidades da tradição do crucificado a luz do contexto de sua ressurreição e conseguentemente a liberdade e esperança.

Certamente a Teologia Crucis nos conduzirá a uma Ecclesia Crucis, está é uma igreja de confrontos. Paulo apresenta a cruz como confronto. Ela é base e crítica de toda existencia cristã.

Conviver com a Cruz é conviver com seu paradoxo. Portanto podemos falar como Moltmann,
“Hoje o que interessa é que a igreja e a teologia voltam a concentrar-se no Cristo Crucificado, para demonstrar ao mundo sua liberdade, se é que querem ser o que dizem ser, a igreja de Cristo”.
Existe hoje uma preocupação na igreja cristã. A teologia Paulina é apresentada na fraqueza e no poder de Deus. Aqui está a preocupação, pois hoje a falça cruz, veio em força humana, e destituida da graça de Deus, ela é direcionada pelo espírito de exploração e conquista.

A cruz anunciada por Paulo não destrói culturas, mas os ídolos da opressão e da morte, que são impostos pelo sistema. Nunca é demais afirmar que a cruz transcende a tudo e a todos.

Tozer diz: “A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens”.

Fugir dela é assumir a nova cruz que a ninguém incomoda e repudiar a antiga cruz que a tudo crítica, desafia e supera. Assumir a verdadeira cruz é assumir seu confronto, seu supremo paradoxo em nossa vida e crença, é ser uma Ecclesia Crucis.

Bonhoeffer fala de forma desafiadora: “A humanidade só adquire sua verdadeira forma na cruz de Cristo”. Partindo deste pensamento podemos afirmar que a igreja é chamada a ser o corpo do Cristo Crucificado.


3.3. Ecclesia Crucis
A Ecclesia Crucis confronta a comunicação humana, justamente quando esta é usada como arma política e ideológica. Ser Ecclesia Crucis é assumir a palavra da verdadeira Cruz que vem desmistificar e desmascarar a ideologia que tem assumido forma de ídolo na sociedade.
A igreja só conseguirá produzir esta palavra da cruz que não é só denuncia, mas é anúncio das boas-novas para o mundo, aceitando a verdadeira mensagem da cruz.

Ecclesia Crucis é uma igreja de confrontos, porque através da verdadeira palavra da cruz, as pessoas são salvas e libertas. Desta forma ela é confronto para ideológia que escravisa o homem. Ela é uma igreja de confrontos porque ao aceitar o senhorio do Cristo Crucificado, é viver uma vida dirigida pelo crucificado. E ter uma vida de acordo com o propósito da cruz de Cristo, isto é confrontar o sistema.


Soli Deo Gloria!



Por prof. Esp. Kleber H. Mostachi
Esp. Teologia Biblica – PUCPR
Bacharel em Teologia – UNIFIL